No mundo da tecnologia, especialmente para quem está começando, é comum sentir uma pressão imensa para seguir uma trajetória perfeita. Um estágio na empresa certa, um diploma com as melhores notas, um primeiro emprego que já define o caminho para o sucesso. Mas a vida real raramente funciona como uma linha reta. Às vezes, as voltas, os desvios e até os aparentes fracassos são exatamente o que constroem a base para algo grandioso e inesperado.
A história de Tom Brown, cofundador da Anthropic, é um exemplo perfeito disso.
Hoje, a Anthropic é uma das gigantes na corrida da inteligência artificial, competindo diretamente com a OpenAI. Mas a jornada de Tom para chegar lá foi tudo, menos linear.
Saindo do MIT, Tom não foi para uma "big tech". Ele se juntou a uma startup de amigos e descreveu a experiência como a diferença entre ser um "cachorro esperando comida na tigela" e um "lobo que precisa caçar para sobreviver". Essa "mentalidade de lobo" — a necessidade de criar valor do zero, de lutar pela sobrevivência da empresa — foi a lição mais valiosa que ele aprendeu, muito mais do que teria aprendido como engenheiro em uma grande corporação.
Ele mesmo admitiu que, na época, se sentia um programador fraco, lutando para encontrar seu caminho.
Sua jornada continuou com uma série de "idas e vindas":
Quando a OpenAI foi anunciada, ele se ofereceu para "limpar o chão" se fosse preciso, apenas para ajudar. Foi essa paixão, e a rara combinação de conhecimento em sistemas distribuídos, que lhe abriu a porta.
O ponto mais fascinante é como tudo se conectou. Quando Tom e outros cofundadores deixaram a OpenAI para criar a Anthropic, eles não pareciam destinados ao sucesso. Eram sete pessoas, em meio à pandemia de COVID, contra a OpenAI que já tinha um bilhão de dólares e todo o prestígio.
Eles estavam de volta ao ponto de partida. Não tinham um produto claro, não tinham o glamour, mas tinham a "mentalidade de lobo" forjada anos antes. Tinham a experiência de construir infraestrutura do zero, de lutar por uma missão na qual acreditavam profundamente, mesmo quando o mundo exterior não via o potencial. A resiliência aprendida nos projetos que "deram errado" tornou-se o maior trunfo para construir algo que deu muito certo.
A trajetória de Tom Brown nos ensina que o futuro é imprevisível. Aquele projeto paralelo que não deu em nada, aquela startup que falhou, aquela habilidade que você aprendeu em um contexto totalmente diferente — tudo isso está compondo seu repertório.
As "idas e vindas" não são desvios do caminho; elas são o caminho. Elas constroem resiliência, oferecem perspectivas únicas e, muitas vezes, são a preparação para um desafio futuro que você ainda nem consegue enxergar.